Festividades juninas pelo Brasil
POR: MAJÔ GONÇALVES |
FOTOS: RAFAEL MARTON | IA
Os quatro cantos do Brasil, há comemorações juninas que podem começar junho e se estenderem até julho. Se temos Carnaval no final do ano, quando chega o meio dele, as festas juninas tomam conta do Brasil e esse clima de animação, com danças e comidas estão por toda a parte, sejam em igrejas, escolas, parques e eventos tradicionais. Desde 2023, as Festas Juninas foram reconhecidas pela lei federal nº 14.555 como “Manifestação da Cultura Nacional”, publicada no Diário Oficial da União, reconhecendo a festa como uma tradição brasileira.
Cada região tem os seus costumes e tradições. Em Aracajú, estado de Sergipe, e Mossoró, no Rio Grande do Norte, que compreende o Nordeste do Brasil há comemorações juninas. No Sudeste, o que predomina é o tradicional Arraial de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e diversas festas na cidade de São Paulo, com destaque para o Centro de Tradições Nordestinas, além das “quermesses” realizadas em igrejas católicas, o que também acontece no interior paulista. Já na região Sul do país, as festas juninas não possuem tanta força, sendo comemorações pequenas em escolas e igrejas.
No interior de Pernambuco, Caruaru realiza uma das mais tradicionais festas juninas do Brasil. A celebração de São João dura 30 dias, atrai milhões de pessoas e conta com shows de artistas famosos, barracas de comidas típicas e o tradicional concurso de quadrilhas. A cidade disputa com Campina Grande o título de “maior São João do Brasil”.
Com cerca de 40 anos de história, o São João de Campina Grande é uma das maiores festas juninas do país. A comemoração acontece no Parque do Povo, com estrutura ampliada, shows de grandes artistas e público que ultrapassa os 3 milhões de visitantes a cada edição.
Celebrado nos dias 23 e 24 de junho, o Arraial do Banho de São João mistura elementos do catolicismo e das religiões de matriz africana. Realizada nas cidades de Corumbá e Ladário, a festa foi reconhecida pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil e tem como destaque o banho da imagem do santo no rio Paraguai, além de procissões, novenas e giras.
As festividades juninas também têm suas raízes nas celebrações pagãs e religiosas associadas ao solstício de verão no hemisfério norte, que remontam a cultos realizados por diferentes povos ao redor do mundo para celebrar uma data que marca o período de maior luminosidade do ano, onde o solstício ocorre no final de junho. Essas celebrações eram comuns entre os povos celtas, germânicos e escandinávos em homenagem aos deuses da natureza e da fertilidade, e as fogueiras faziam parte da tradição.
Os colonizadores portugueses adaptaram as festividades juninas ao contexto brasileiro, incorporando elementos da cultura indígena e africana presentes no país. Assim, as festas juninas no Brasil se tornaram uma mistura de influências, com danças típicas, como a quadrilha, música, fogos de artifício e comidas tradicionais, como o milho e a canjica.
Para os pagãos no solstício de verão e nos festejos juninos, a fogueira possui um significado simbólico e ritualístico. O solstício de verão marca o ponto do ano em que o sol atinge sua maior altura no céu e os dias são mais longos do que as noites, representando o ápice do poder do sol e a celebração da fertilidade, da colheita e do ciclo da vida.
A fogueira, nesse contexto, simboliza a luz, o calor e o poder do sol. Ela é acesa como um ato de reverência ao sol e como um meio de honrar e celebrar sua energia vital. Acredita-se que pular sobre as chamas da fogueira ou circular ao seu redor traga proteção, purificação e renovação para aqueles que participam do ritual.Além disso, a fogueira também tinha um propósito prático para os pagãos. Ela era usada para espantar os maus espíritos e afastar insetos indesejados, além de proporcionar calor e iluminação durante as festividades noturnas.
Com a cristianização das festividades pagãs, a fogueira passou a ter um novo significado nos festejos juninos, sendo associada à luz de Cristo e à purificação espiritual. No contexto católico, a fogueira é abençoada pelo sacerdote e representa a presença divina e a purificação dos fiéis.
A música desempenha um papel fundamental nos festejos juninos no Brasil. Os colonizadores portugueses trouxeram consigo uma rica tradição musical, que se mesclou com as influências indígenas e africanas presentes no país, resultando em uma variedade de estilos e ritmos musicais nas festas juninas.
A música nos festejos juninos tem características marcantes da música popular portuguesa, como a presença de instrumentos como a viola, a sanfona (acordeão) e o tambor.
Um dos gêneros musicais mais tradicionais e emblemáticos dos festejos juninos é o forró. O forró tem suas raízes no Nordeste do Brasil e foi influenciado por diversos estilos musicais, incluindo a música popular portuguesa. A presença de instrumentos como a sanfona (acordeão), a zabumba (um tipo de tambor) e o triângulo na música de forró pode ser atribuída à influência portuguesa. A sanfona, em particular, é um instrumento de destaque nas festas juninas e tem origem europeia, sendo trazida pelos colonizadores portugueses.
Além do forró, outros estilos musicais como o baião, o xote e o arrasta-pé são comumente executados nas festas juninas. Esses estilos possuem influências tanto da música portuguesa quanto de elementos musicais indígenas e africanos.
A dança também está intimamente ligada à música nos festejos juninos. Sua origem remonta ao século XIX, durante o período colonial brasileiro, e sua evolução está relacionada à influência das danças de salão europeias, especialmente a contradança.
A quadrilha possui passos coreografados e é realizada em pares, com figuras e comandos que são anunciados por um marcador. É uma dança coletiva, realizada em grupos e organizada em pares de dançarinos. Cada par tem uma posição específica no salão e segue comandos dados pelo marcador, que anuncia os passos e as figuras da dança. As figuras da quadrilha incluem saudações, trocas de pares, evoluções em círculo, formações em cruz e outras sequências coreografadas.
Além dos passos coreografados, a quadrilha junina também possui características visuais marcantes. Os participantes vestem trajes típicos, geralmente inspirados na vestimenta camponesa do século XIX, com vestidos e saias rodadas para as mulheres e trajes de camponeses para os homens. Os trajes são coloridos, adornados e contribuem para a atmosfera festiva.
O milho é um ingrediente essencial nas comidas típicas dos festejos juninos no Brasil. Sua origem remonta aos povos indígenas que cultivavam e consumiam o milho há milhares de anos antes da chegada dos colonizadores europeus.
Com a colonização e a introdução de novos ingredientes e técnicas culinárias, o milho passou a ser utilizado de maneiras variadas nas festas juninas. Durante o período colonial, os portugueses também trouxeram suas próprias tradições culinárias, que se mesclaram com a cultura indígena e africana, resultando na diversidade de pratos que temos hoje nas festividades juninas.
Entre as comidas típicas à base de milho nas festas juninas, destacam-se o bolo de milho, a canjica, a pamonha, o curau, a pipoca, o milho verde cozido e a paçoca de amendoim, que geralmente são consumidos quentes ou em temperatura ambiente. Esses pratos são preparados de diferentes maneiras, utilizando-se o milho em sua forma fresca, em grãos, em forma de farinha ou de fubá.
O milho também está relacionado a crenças e superstições ligadas ao período junino. Acredita-se, por exemplo, que as plantações de milho fiquem protegidas de pragas e perigos durante as festas juninas. Além disso, há a tradição de fazer uma simpatia de plantar um pé de milho durante o São João para trazer prosperidade e abundância. ▲
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